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Conselho de Administração, Conflito de Interesses e o ESG

  • Foto do escritor: Guilherme Haygert
    Guilherme Haygert
  • 19 de jun.
  • 2 min de leitura


O Conselho de Administração é um órgão de governança essencial nas organizações, responsável por dar a "direção estratégica, exercendo o papel de guardar os princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização" (IBGC, 2009). Ele atua como órgão de ligação entre os sócios e a diretoria executiva, e sua atuação deve ser pautada sempre conforme o interesse da organização.

Reunião de equipe em sala de conferência, 8 pessoas em volta de mesa oval, usando laptops e anotando. Mapa no fundo, ambiente claro.

Conflitos de interesse no Conselho

No entanto, por vezes os membros do Conselho de Administração exercem a atividade de conselheiro com conflito de interesse. Um exemplo disso é um levantamento feito nos Estados Unidos, que apontou que em torno de 75% dos membros do Conselho de Administração de sete dos maiores bancos norte-americanos possuem alguma ligação com as grandes empresas da indústria fóssil dos Estados Unidos. Isso é um problema, já que há pressão sobre o setor financeiro para que haja desinvestimento nos negócios ligados aos fósseis.

O caso do megaduto Line 3 Um artigo do The Guardian ilustra esse conflito com o projeto do trecho americano de um megaduto, o Line 3, que servirá para transportar combustíveis fósseis do norte do Canadá até os Estados Unidos. A queima do óleo transportado por este duto, equivalente a pouco menos de 1 milhão de barris por dia, equivaleria às emissões de carbono de 50 novas térmicas a carvão.

A Enbridge, proprietária do duto, tomou empréstimos de mais de US$ 11 bilhões, além de ter lançado mais de US$ 5 bilhões em debêntures, intermediado por nove bancos. Dos nove bancos, seis deles já haviam divulgado metas de net-zero para suas operações, alinhando suas carteiras com as metas do Acordo de Paris.

Desinvestimento ou engajamento ativo?

No entanto, é importante notar que o desinvestimento não é sempre a melhor opção. Em alguns casos, investir em empresas que possuem grande pegada de carbono pode ser uma estratégia eficaz para influenciar a redução dessa pegada. Isso porque, ao estar dentro da empresa, é possível colaborar na transição para uma matriz energética mais sustentável.

Um estudo publicado pela Harvard Business Review sugere que o engajamento ativo com as empresas pode ser mais eficaz do que o desinvestimento em reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

A importância da governança e da transparência

Portanto, é importante que os membros do Conselho de Administração estejam cientes dos conflitos de interesse e os monitorem constantemente, para que a orientação estratégica da organização seja feita com base naquilo que é melhor para o negócio e não para as pessoas que estão no negócio.

Além disso, é importante que as organizações adotem práticas de governança que promovam a transparência e a responsabilidade, como a divulgação de informações ESG, para que os investidores possam tomar decisões informadas e apoiar empresas que demonstrem práticas sustentáveis.

Referências

  • Harvard Business Review: "The Impact of Divestment on Fossil Fuel Companies" (2020)

  • The Guardian: "Banks' climate change record under scrutiny as Line 3 pipeline raises concerns" (2021)

  • IBGC: "Código de Melhores Práticas de Governança Corporativa" (2009)

 
 
 

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