ESG como Fonte de Inovação
- Guilherme Haygert

- 17 de out.
- 3 min de leitura
Os temas Environmental, Social & Governance (ESG) e a inovação nas organizações possuem uma relação estreita e fundamental. O ESG agrega às organizações o tipo de conhecimento necessário para implementar inovações conectadas com as demandas da sociedade. Esta conexão com a realidade traz vantagem competitiva, neutraliza riscos relevantes para o negócio e é um critério de avaliação para os investidores.

A Importância do Conhecimento e da Inovação
As organizações estão imersas em um ambiente de concorrência, onde a busca pela inovação é essencial para a sua sobrevivência. A matéria-prima neste processo é o conhecimento. Para as organizações manterem a competitividade e o crescimento sustentável, além de gerar conhecimento, devem buscar e compartilhar a sabedoria prática e ter capacidade sintetizadora de integrar diversos fragmentos de conhecimento.
A Criação e Exploração do Conhecimento
A criação e exploração do conhecimento, de forma simultânea, chama-se ‘conhecimento de espiral’ e é dessa constante que a inovação surge. A organização como um todo e as suas camadas de forma individual também adquirem conhecimento de fontes externas, oriundo de outras áreas que não diretamente ligadas à atividade econômica da organização. Este conhecimento externo é relevante para a inovação, pois insere novos contextos aos já existentes, impulsionando inovações que antes não seriam possíveis.
O Papel do ESG na Inovação
Os temas ESG abordam os problemas da humanidade que estão se agravando e gerando consequências negativas para o coletivo nas áreas ligadas ao meio ambiente, ao social e à governança. A descrença de que o Estado, sozinho, consegue dar respostas adequadas a estes problemas, faz com que surja uma urgência social no seu enfrentamento. Para isto, é necessária a colaboração ativa de todos, sobretudo das organizações empresariais, que muitas vezes possuem faturamento maior que o PIB de muitos países.
Exemplos de Inovação ESG
Indústria Automobilística: As montadoras de carros estão investindo em inovações de produtos menos nocivos para o meio ambiente, colaborando para a redução de mudanças climáticas. O setor de transporte é o segundo maior emissor de CO2 no mundo e, no Brasil, foi responsável por mais de 39% dessas emissões. A indústria automobilística mundial está enfrentando o desafio de converter sua base produtiva à combustão para veículos elétricos. O carro elétrico é uma inovação ESG que colabora com a redução de emissões de gases de efeito estufa e oferece vantagens competitivas para as empresas que estão mais avançadas na produção desses veículos.
Financiamento Sustentável: A empresa Pandora, por exemplo, anunciou a tomada de um empréstimo de 950 milhões de Euros atrelado ao desempenho de CO2. A nova linha de crédito da empresa tem um mecanismo de precificação que vincula os custos de empréstimos ao progresso da Pandora em duas metas de sustentabilidade: tornar-se neutra em carbono em operações próprias até 2025 e utilizar apenas prata e ouro reciclados até 2025. Isso demonstra como a abordagem ESG pode impulsionar inovações financeiras e promover práticas sustentáveis.
Conclusão
O ESG vai acrescentar às organizações temas que não são diretamente conectados à suas atividades econômicas, mas que podem ser agregados a ela, gerando inovação. As tendências atuais em ESG incluem a transformação digital para sustentabilidade, abordagem holística da diversidade e inclusão, mensuração e relatórios de ESG aprimorados, investimentos com propósito e adaptabilidade climática. Essas tendências refletem a crescente importância do ESG para as empresas e a sociedade, oferecendo oportunidades significativas para inovação e crescimento sustentável.
Referências
Nonaka, I. (1991): "The knowledge-creating company". Harvard Business Review (November–December), 96–104.
Nonaka, I. (1994): "A dynamic theory of organizational knowledge creation". Organization Science, 5(1), 14–37.
Lane, P. J., Koka, B. R., & Pathak, S. (2006): "The reification of absorptive capacity: A critical review and rejuvenation of the construct". Academy of Management Review, 31(4), 833–863.



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