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A Busca da Legitimidade das Organizações por meio do ESG

  • Foto do escritor: Guilherme Haygert
    Guilherme Haygert
  • 15 de mai.
  • 4 min de leitura

ESG em Pauta no Mundo Corporativo

Os temas ligados ao Environmental, Social and Governance (ESG) estão em pauta no mundo corporativo. As corporações passaram a tratar sobre o tema de forma mais enfática e a imprensa destina cada vez mais espaço para o assunto. Os temas ESG passaram de questões discutidas de forma superficial para ser um assunto divulgado como essencial pelas organizações, principalmente corporações de grande porte.


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Um Pouco sobre ESG

A sustentabilidade é um tema que é identificado com questões ambientais, mas que vem sendo utilizado cada vez mais para abranger outros temas que são sensíveis à sociedade, por meio da expressão de "práticas sustentáveis". Um dos maiores estudiosos no tema Sustentabilidade, José Eli da Veiga, explica em seu livro "Sustentabilidade: A legitimação de um novo valor" que o adjetivo sustentável é um jargão técnico que remete à ideia de um ecossistema resiliente, ou seja, um ecossistema que absorve impactos sem alterar seu estado.

A atividade empresarial voltada para atenção à sustentabilidade foi influenciada pelo britânico John Elkington, na década de 90, por meio de sua obra "Sustentabilidade: Canibais com Garfo e Faca", livro que trouxe o conceito do Triple Bottom Line: profit, planet and people (lucro, planeta e pessoas). Esse conceito exprime a ideia de que as organizações devem atenção aos acionistas, meio ambiente e questões sociais.

No âmbito das corporações, o adjetivo "sustentabilidade" está sendo substituído rapidamente pela sigla ESG, englobando outras questões sensíveis para o mundo, tanto que se trata do termo que atualmente mais aparece nos meios de comunicação quando se está se tratando de sustentabilidade e boas práticas no meio corporativo.

O Crescimento do ESG

Atualmente, as organizações estão tendo que lidar com questões que vão além dos produtos ou serviços oferecidos por elas, e que vão ao encontro dos anseios da sociedade para um mundo melhor. Em artigo da autoria de James J. Tucker e Scott Jones, a geração Millenial (aqueles nascidos entre 1981 e 1996) e a geração Z (nascidos a partir de 1997) possuem um interesse maior pelos temas ESG que as gerações anteriores.

Diante disso, é perceptível o aumento do interesse pelo assunto ESG pelas organizações, que estão dedicando recursos financeiros e humanos para o desenvolvimento de ações ESG bem como a sua divulgação.

As organizações estão tendo que passar por um processo de legitimação, na concepção teorizada por Ashlee Humphreys, em seu artigo "Megamarketing: The Creation of markets as a social process". O mercado em geral está passando por mudanças que estão abrangendo as causas ambientais e sociais, além de questões ligadas à boa governança corporativa, tal como combate à corrupção e transparência na gestão da organização.

Para se sustentar no mercado, as organizações precisarão investir cada vez mais nos temas ESG e isso faz parte de um desafio de legitimação, onde é preciso demonstrar que em suas atividades a organização não está causando danos ao meio ambiente, que está agindo para enfrentar problemas sociais que a rodeiam bem como está constantemente atuando para melhorar sua governança corporativa.

O ESG como Estratégia de Megamarketing

Para conquistar mercados, as organizações precisam fornecer benefícios para um público que vai além dos consumidores-alvo. São um público que vão desde governos a grupos de interesse específicos.

Philip Kotler, em seu artigo "Megamarketing", defende que os executivos devem levar em consideração em sua estratégia de marketing não só o produto, preço, lugar ou promoção, como também poder e relações públicas, sendo isso o que ele chama de Megamarketing, que possui uma visão ampliada das habilidades e recursos necessários para estar em determinados mercados.

O ESG está se tornando um tipo de legitimidade normativa e cultural-cognitiva, tal como explanou Ashlee Humphreys. Como uma forma de buscar uma legitimidade normativa, as organizações que aderirem às normas e valores sociais e ações ESG já são um valor social para muitos consumidores, e a atenção aos temas ESG pelas organizações já se tornaram uma obrigação moral.

No âmbito da legitimidade cultural-cognitiva, as organizações querem ser conhecidas e entendidas pelos atores sociais como uma organização que promove boas ações. Se os seus negócios forem bem, maior o retorno para acionistas, sociedade e meio ambiente. Trata-se de uma espécie de acordo onde todos ganham e aqueles que atuarem com base apenas na preocupação com seus negócios perderão mercado.

As boas ações das organizações no âmbito de ESG são mais divulgadas em redes sociais e em uma velocidade maior e mais abrangente, assim como por meio de mídia tradicional. Essas boas ações são até mesmo mais divulgadas e repercutem mais que os próprios produtos das organizações, denotando uma importância do tema ESG como uma estratégia de Megamarketing, que legitima as organizações e faz com que elas conquistem mercados em mais velocidade que outras organizações.

Referências

  • Dalal, K. K., & Thaker, N. (2019). ESG and Corporate Financial Performance: A Panel Study of Indian Companies. IUP Journal of Corporate Governance, 18(1), 44–59.

  • Elkington, J. (2001). Canibais com Garfo e Faca. São Paulo: Makron Books.

  • Humphreys, A. (2010). Megamarketing: The Creation of Markets as a Social Process. Journal of Marketing, 74(2), 1-19. https://doi.org/10.1509/jmkg.74.2.1

  • Kotler, P. (1986). Megamarketing. Harvard Business Review, 64(2), 117–25.

  • Veiga, J. E. da. (2010). Sustentabilidade: A legitimação de um novo valor. São Paulo: Editora Senac.

  • Zhao, C., et al. (2018). ESG and corporate financial performance: Empirical evidence from China’s listed power generation companies. Sustainability, 10(2607), 1-15.

 
 
 

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